Vulnerabilidade

Pelotas tem mais de 51 mil famílias cadastradas no CadÚnico

Registro é destinado a pessoas de baixa renda; no Município, mais de 41 mil pessoas vivem abaixo da linha da pobreza

Italo Santos - Entre 2020 e 2021, houve um aumento de 11,7 milhões de pessoas em situação de pobreza social no País

O Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, celebrado nesta terça-feira (17), é uma data para chamar atenção para o elevado número de pessoas sem acesso às condições adequadas de vida. Em Pelotas, esse quadro é a realidade para mais de 21 mil famílias, o que representa 41,2 mil pessoas, que têm renda per capita de até R$ 109,00. Conforme um estudo da PUC-RS, na região sul do País, a média de rendimento de R$ 665,55 per capita já é considerada na linha da pobreza social.

Uma das pessoas que faz parte desse dados no Município é Raquel Machado. Trabalhando com reciclagem há 24 anos, a renda mensal varia bastante, mas geralmente chega a até R$ 100,00, valor que com o complemento do Bolsa Família se aproxima de R$ 500,00 para o sustento da casa e de todas as necessidades dela e do filho. "Se eu recebesse mais ajudaria bastante porque ou eu compro o meu gás, meus remédios ou a comida", relata.

Renda mensal de Raquel Machado geralmente é de R$ 100,00, com auxilio federal, valor chega a R$ 500,00

A falta de acesso às condições adequadas e a oportunidades permeiam a vida da mulher. Com a formação educacional que parou na segunda série do Ensino Fundamental, as dificuldades de conseguir um emprego de remuneração mais alta são grandes. "Até consegui uns serviços de faxina uma vez", conta. Além disso, moradora da Estrada do Engenho há quase 30 anos, esse é o mesmo período que Raquel não tem acesso a saneamento básico.

Sem água encanada, a alternativa é buscar o recurso em uma torneira do outro lado da rua. "Tem que pegar lá e às vezes corre um pouco aqui dentro [aponta para o pátio]". Para a recicladora, as condições de vida, que nunca foram fáceis, se tornaram mais complicadas a partir do período que começou a pandemia. "Gostaria de ter uma vida melhor, mas estão difíceis as coisas, piorou muito, a renda baixou bastante", lamenta.

A situação relatada é semelhante ao cenário nacional. De acordo com o estudo Pobreza Social no Brasil: 2012-2021, desenvolvido por pesquisadores do Data Social: Laboratório de desigualdades, pobreza e mercado de trabalho, da PUC-RS, entre 2020 e 2021 a taxa de pobreza social avançou 5,5 pontos percentuais, o que significa que houve um aumento de 11,7 milhões de pessoas em situação de pobreza social no País, saltando de 52,9 para 64,6 milhões.

Os números dos impactos negativos da pandemia no desenvolvimento social, são constatados a partir dos indicadores da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A forma de medir os índices de pobreza da pesquisa combina os conceitos de pobreza absoluta e relativa, desse modo, a taxa varia de acordo com fatores como desigualdade de renda e riqueza de cada estado. A exemplo, nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste a linha de pobreza social assume valores mais baixos que a linha de pobreza absoluta, nas regiões Sul e Sudeste ela assume valores mais altos, sendo o valor per capita de R$ 665,55, valor mais alto que a linha de pobreza absoluta de R$582,47.

Dado no Município
Conforme os dados do CECAD, sistema do Ministério do Desenvolvimento Social para Consulta, Seleção e Extração de Informações do CadÚnico, em Pelotas, o total de famílias cadastradas no CadÚnico é de 51,9 mil. De acordo com o secretário de Assistência Social, Tiago Bündchen, dentre as ações adotadas pelo Município para promover o desenvolvimento social, a curto prazo a Prefeitura oferta benefícios eventuais como cestas básicas, para combater a insegurança alimentar, roupas, cadastramento das famílias nos programas sociais para recebimento de benefícios federais, além da inserção das famílias nos serviços da SAS, como os seis Centros de Referência de Assistência Social (Cras), onde 35 mil famílias estão referenciadas.

A longo prazo, conforme Bündchen, se trabalha, especialmente, com a oferta de cursos de capacitação de mão de obra, através do programa Capacitar Pelotas, visando facilitar o acesso das pessoas em situação de vulnerabilidade ao trabalho, e por conseguinte, a renda. "Entendemos que emprego traz dignidade, independência social e financeira. Já disponibilizamos em 2023 mais de 500 vagas, e pretendemos oferecer até o final do ano mais 700 vagas, seguindo nesse ritmo durante o ano de 2024", afirma.

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